Quando isso acontece, parece que o mundo esta se fechando, encolhendo e a própria vida esta prestes a nos engolir, olhamos em vão para frente, para os lados, na tentativa de antever uma saída, mas nada conseguimos vislumbrar. Beiramos a insanidade, pensamos em desistir, mas algo em nós, algo bem lá no fundo, escondido em algum lugar, não nos deixa fazê-lo. As águas agitadas não nos deixam parar, obrigando-nos a remar num ritmo cada vez mais intenso, quando parece que não temos mais forças para suportar, naquilo que se afigura ser mais um capricho, a canoa vira, uma, duas, três, inúmeras vezes, nos sentimos tontos, o ar nos falta, então nos debatemos procurando pelo bote salva-vidas, entretanto, não o encontramos. Submergirmos e emergirmos, não existe nada mais em que se apoiar. Só o que há é a revolução das águas. Outra vez, de assalto, desistir vem à mente e deixar-se afogar seria o mais fácil, mas não o correto e aquele algo interior nos diz que é importante continuar sempre e, assim, continuamos.
Então, do mesmo modo como começou, as águas vão serenando-se, aos poucos se tornam calmas, outra vez mais é um rio, suave, sereno, caudaloso, tranqüilo, as margens são seguras novamente.
Na margem, buscamos o conforto, o descanso, a segurança, ao suave toque de veludo do Sol em nossa face, olhamos rio acima e sentimos que as águas não nos assustam mais, tentamos, em vão, compreender o motivo de tanto medo daquelas mudanças e não obtemos respostas alguma, nesse momento percebemos uma força que não tínhamos consciência dela em nós mesmos.
A maioria das pessoas passam por tudo, evoluem, crescem e dignificam a si mesmas, provando-se e tornando-se orgulhosas de si, sensação indescritível essa, a de vencer-se a si mesmo.
Mas existem alguns que simplesmente têm medo do turbilhão e retrocedem. Um retrocesso que nem sempre significa voltar ao ponto de partida, mas sim, se deixam estar onde estão vendo as águas da vida passando e sem nunca provar o quão grande a vida pode ser e quanta felicidade pode-se encontrar depois das corredeiras. Simplesmente anestesiam-se com coisas tolas e frívolas e, assim, deixam-se ficar as margens, não enfrentando o turbilhão, ficam ali, implorando atenção e tropeçando, imóveis, ao longo do caminho.
Iago Tödan
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