sexta-feira, 26 de março de 2010

PARA VC DO FUTURO, UMA CARTA DE AMOR.

Sabe, não sei quem tu és. Não sei teu nome ou teu apelido. Não sei qual a cor de teus olhos ou tom de tua pele. Não sei como são os teus cabelos, teus gostos, tuas manias. Não sei como é teu toque sobre minha pele, o gosto de teus beijos, nem mesmo sei o quão quente vc é.
Não fico por aí a procurar-te em todo canto, em cada gesto, em cada olhar.
Tão pouco passo meus dias em ânsia e na ociosa espera de te encontrar.
Ainda assim sei que um dia vamos nos cruzar. Não sei se te amarei no momento em que te ver ou se o tempo o fará.

Ainda assim, sem quase nada saber ou ter certeza, sonho contigo.
Em meus sonhos tu és grãos de areia do deserto que ventos amigos fazem agitar. Viaja milhas, horas, dias e no alto de um pico tu encontras os meus olhos e me faz cegar. E, sem nada poder ver, dou um paço em falso e no precipício me sinto afundar. Desespero-me e grito, tento, em vão, em algo me agarrar, mas tudo o que toco são grãos de areia que passam entre meus dedos tão suavemente quanto as lagrimas que deixo escapar. Estas mesmas lágrimas vão limpando meus olhos e só então percebo que, sustentado pela areia, estou nas brumas, flutuando no ar. A sensação é maravilhosa, indescritível, o medo passa, o tempo para, tudo cessa, nada existe. Naquele momento só o que há são os grãos de areia, vindos de um deserto, que estão a me sustentar. Nesse momento ouso um sussurro que versa sobre um amor que não tem barreiras, nem limites, que tudo é capaz de enfrentar. Olho a minha frente, a minha volta, só as areias estão lá, daí, percebo então, que é vc quem me fala, grãos de areia do deserto que me fazem fugir de mim, que me fazem voar.
Por isso, e só por isso, acho que ao menos teus sussurros sou capaz de reconhecer seja onde for ou como for, mas do teu sussurro vou sempre me lembrar.

Me acho um pouco esgoísta pois as vezes me perco nos sonhos, nos pensamentos e na esperança de um dia te encontrar. Mas tudo o que quero é ter alguém pra quem poder voltar no fim do dia, alguém que eu possa abraçar, alguém que sussurre em meus ouvidos coisas frívolas e tolas que mesmo desperto me façam sonhar.

Iago Tödan

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