Sinto que o mundo se encolhe de pouco em pouco.
A cada dia mais se encolhe e encolhe,
E eu aqui já estou na última parte,
Sim,
Na última parte,
Pois que chegando naquela parte em que a vida para de dar,
Que chegando àquela parte em que a vida começa a tirar.
Onde o dia parece sempre tão curto,
Onde a noite parece sempre tão grande.
Onde se começa a perceber que dos grandes sonhos do passado,
Pouca coisa é presente,
Onde se percebe que dos caminhos percorridos,
Poucos são os que levam a algum lugar.
Onde as tristezas já não entristecem tanto,
Onde as alegrias já não alegram tanto.
E ainda,
E só assim,
Mesmo assim,
Apalpando,
Tateando,
Busca-se.
Busca-se sabe-se lá o quê,
Simplesmente se busca.
E lá no canto,
Sempre escondida,
Bem naquele canto escondido,
De quando em quando,
De tanto em tanto,
Está a armadilha que chama,
E eu sinto que corro pra ela.
Iago Tödan